Artigos - Carrapato: é preciso conhecer para controlar

01 dez 2014

Carrapato: é preciso conhecer para controlar

O Brasil, em toda sua extensão territorial, é um país favorável ao desenvolvimento do carrapato do boi (Rhipicephalus microplus). Apresenta temperaturas, índices pluviométricos, variedades de forrageiras, e diferentes raças nas criações, que favorecem o parasitismo (Furlong, 2005; Pereira et al., 2010).

Este, observado como infestações, provocam prejuízos diretos (stress, perda de peso, anemia, infecção por outros agentes) e indiretos (depreciação da infraestrutura, deslocamento desnecessário da mão de obra e gastos excessivos com insumos). E dependendo do nível das infestações, o desenvolvimento da pecuária pode ser economicamente comprometido numa determinada região (Leite et al., 2010)

Não obstante, falha no manejo, número inadequado de tratamentos, preocupação apenas quando se observam carrapatos adultos nos bovinos, falta de conhecimento técnico para planejamento sanitário e uso indiscriminado dos antiparasitários, resultam em consequências graves, como por exemplo, seleção de parasitas resistentes e redução na vida útil do arsenal de produtos disponíveis no mercado (Leite et al., 2010; Pereira et al., 2010)

O ciclo do carrapato é basicamente divido em duas fases, a fase de livre, compreendido como o período que o parasito permanece no ambiente. Neste estão presentes dois estágios: fêmeas adultas (teleóginas ingurgitadas) que realizam oviposição, e larvas, que aguardam um momento oportuno para infestar o bovino. E a outra é a fase parasitária, a qual ela permanece todo período sobre o mesmo hospedeiro, onde se alimenta, desenvolve, reproduz e, posteriormente se desprende, para cair no ambiente e dar origem à nova geração. O tempo total da fase de vida livre dura de 30 a 90 dias e da fase parasitária em média 21 dias (Leite et al., 2010).

Com base nessas informações, elabora-se um programa sanitário contra o carrapato do boi, e para tal, muitos pontos devem ser levados em consideração, como o ciclo, a raça dos animais do rebanho, as forrageiras, as variações climáticas (temperatura e umidade) e o histórico dos medicamentos já utilizados. É importante ressaltar, a dinâmica populacional para este parasito varia conforme a região do Brasil, portanto, cada caso deve ser avaliado individualmente (Pereira et al., 2010)

Em condições de Brasil central, onde o R. microplus tem quatro gerações por ano, o ideal é que os tratamentos sejam concentrados nos períodos de maior desafio, ou seja, iniciá-los entre o final do período seco e início do chuvoso, pois neste momento se iniciará o ciclo da primeira geração de carrapato, e estrategicamente, é este que deve ser combatido com maior atenção (Pereira et al., 2010). Posteriormente devem ser realizados os demais tratamentos, de acordo com o intervalo determinado, e a composição da formulação que está sendo empregada (Furlong, 2005).

A solução indicada pela Ourofino no controle estratégico contra carrapato é o Fluatac Duo, uma formulação composta de fluazuron (3%), um inibidor de crescimento, e abamectina (0,5%), uma avermectina com efeito carrapaticida, que aplicada via pour on, atua sistemicamente eliminando o parasito quando o mesmo ingere o sangue do bovino. O efeito do fluazuron será na troca de fase do carrapato (ecdise) e na viabilidade dos ovos, reduzindo com eficiência a infestação ambiental (Cruz et al., 2014). É importante ressaltar que a abamectina no Fluatac Duo também age contra os principais vermes redondos, tornando-o a formulação mais completa contra parasitas externos e internos.

 

Referências:

CRUZ, B. C.; TEIXEIRA, W. F. P.; MACIEL, W. G.; et al. Effects of fluazuron (2.5 mg/kg) and a combination of fluazuron (3.0 mg/kg) + abamectin (0.5 mg/kg) on the reproductive parameters of a field population of Rhipicephalus (Boophilus) microplus on experimentally infested cattle. Research in Veterinary Science, v. 97, p. 80 – 84, 2014.

FURLONG, J. Conhecimento básico para controle do carrapato dos bovinos. In:______ (Ed.). Carrapato: problemas e soluções. Juiz de fora: Embrapa Gado de Leite, 2005. p. 9-20.

LEITE, R. C.; CUNHA, A. P.; BELLO, A. C. P. P.; et al. Controle de ectoparasitos em bovinocultura de corte. In: PIRES, A. V. Bovinocultura de Corte. Piracicaba: FEALQ, 2010. p. 1171 – 1196.

PEREIRA, C. D.; SOUZA, G. R. L.; BAFFI, M. A. Carrapato dos Bovinos: métodos de controle e mecanismos de resistência a acaricidas. Disponível em: <http://www.cpac.embrapa.br/download/1737/t>. Acesso em 28 de nov de 2014.

Marcel Onizuka

Especialista Técnico Saúde Animal

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