Artigos - Ressincronização: aumente a eficiência reprodutiva

14 fev 2024

Ressincronização: aumente a eficiência reprodutiva

A eficiência reprodutiva é essencial para aumentar a produtividade e a rentabilidade das propriedades voltadas para a criação de gado de corte e leite. Uma estratégia para melhorar a eficiência reprodutiva é o uso da inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Esta ferramenta possibilita o controle do ciclo estral e da ovulação por meio da manipulação farmacológica. Com isso, as fêmeas são inseminadas em horários pré-determinados, sem a necessidade de observação de cio.

Além disso, a IATF é fundamental, uma vez que induz a ciclicidade em fêmeas em anestro e proporciona um aumento na taxa de prenhez no final da estação da monta, sem contar o ganho genético que ela proporciona, devido a possibilidade de utilizar sêmen de touros geneticamente superiores. 

Para otimizar a produtividade as gestações devem concentrar-se no início da estação reprodutiva. Sendo assim, é necessário melhorar as taxas de serviço no início da época reprodutiva além de identificar as fêmeas não gestantes e inseminá-las o mais rápido possível. Desta forma o uso da ressincronização é uma excelente estratégia para conseguir este objetivo. A técnica consiste em submeter a fêmea a um novo protocolo de IATF, possibilitando uma nova inseminação nas fêmeas que não ficaram gestantes.

Esta estratégia possibilita aumentar o número de bezerros nascidos por inseminação artificial; elimina a necessidade de observação do cio; possibilita a diminuição do número de touros na fazenda; possibilita uma nova chance de concepção nas fêmeas que retornam ao anestro e aumenta a taxa de prenhez no final da estação reprodutiva em 10 pontos percentuais quando comparado ao uso da IATF seguida por repasse com touros (figura 1).  

 

 Figura 1. Taxa de prenhez em vacas de corte Bos indicus após inseminação artificial em tempo fixo (IATF) com subsequente ressincronização ou monta natural. 

IATF ou monta natural

 

Os programas de ressincronização podem ser iniciados apenas nas vacas não gestantes após o diagnóstico de gestação (tradicional) ou em todas as fêmeas sem saber se estão ou não gestantes (precoce ou superprecoce). 

 

Ressincronização tradicional: Inicia-se no momento do diagnóstico de gestação (28 a 32 dias após a IATF) e apenas as fêmeas não gestantes, são submetidas à um novo protocolo. Apesar da flexibilidade com relação ao início do protocolo e a utilização dos fármacos, somente nas fêmeas não gestantes, o intervalo entre as inseminações é de 40 dias, o que é considerado longo uma vez que as fêmeas estariam retornando ao cio por volta de 21 dias após a inseminação (figura 2).  

 

Figura 2. Desenho esquemático da ressincronização convencional. 

Desenho esquemático da ressincronização convencional

 Ressincronização precoce: o protocolo inicia-se 22 dias após a IATF em todas as fêmeas (sem saber a condição gestacional). O diagnóstico de gestação coincide com o dia da retirada. Neste momento, as vacas diagnosticadas como gestantes são excluídas dos tratamentos seguintes enquanto as fêmeas não gestantes seguem no protocolo e são re-inseminadas com intervalo de 32 dias (figura 3).  

 

Figura 3. Desenho esquemático da ressincronização precoce. 

Desenho esquemático da ressincronização precoce

 

Ressincronização superprecoce: método desenvolvido recentemente, o qual possibilita a realização de três inseminações em 48 dias. Neste modelo, o protocolo inicia-se 14 dias após a IATF em todas as fêmeas (sem saber a condição gestacional) e o diagnóstico de gestação é realizado oito dias depois (22 dias após a IATF), por meio da ultrassonografia Doppler.

As fêmeas não gestantes (corpo lúteo com perfusão sanguínea menor ou igual a 25%), seguem no protocolo e são inseminadas no dia 24. Neste caso é necessário um cuidado especial com o início do protocolo. É necessário fazer um ajuste na dose do benzoato de estradiol (Sincrodiol®) para 1mL, tanto para novilhas quanto para fêmeas paridas. Outra possibilidade é substituir o Sincrodiol® pelo Sincrogest injetável®, na dose de 0,5 mL para fêmeas paridas e 0,3 mL para novilhas (figura 4). 

 

Figura 4. Desenho esquemático da ressincronização superprecoce.

Desenho esquemático da ressincronização superprecoce

Para rebanhos leiteiros, a ideia é a mesma, entretanto os protocolos utilizados em vacas de alta produção são diferentes, portanto, é necessário que os ajustes sejam mantidos também para a ressincronização. Além disso, diferentemente do gado de corte, os manejos reprodutivos são realizados durante todo o ano, com isso é essencial ajustar para que não interfiram com os demais manejos da fazenda.

Uma boa estratégia é concentrar as atividades relacionadas à reprodução em dias estabelecidos da semana. Neste caso, pensando em um protocolo de 10 dias de duração, em que os protocolos são realizados na segunda feira podemos iniciar a ressincronização 18, 25 e 32 após a inseminação para a ressincronização tradicional, precoce e superprecoce, respectivamente (figura 5). 

 

 Figura 5. Desenho esquemático dos tipos de ressincronização para vacas de leite de alta produção.

Desenho esquemático dos tipos de ressincronização para vacas de leite de alta produção

 

A escolha do tipo de ressincronização depende do objetivo do sistema de produção, do manejo da fazenda, dos custos envolvidos e da mão de obra (disponibilidade do veterinário para realização da ultrassonografia e dos funcionários da fazenda para o manejo dos animais).  

DSc. Igor Garcia Motta

Especialista Técnico em Reprodução Anima

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