18 jun 2018
Vaca vazia ao final da lactação e novilha atrasada: o que fazer?
Com a intensificação na seleção genética das propriedades produtoras de leite para atingir a maior capacidade produtiva, é preciso aumentar a atenção para evitar reflexos negativos na eficiência reprodutiva e, consequentemente, na produtividade da fazenda. A alta produção leiteira exige máximo cuidado com os manejos nutricional, ambiental e reprodutivo.
Descuidos nesses três pilares podem reduzir a fertilidade do rebanho e aumentar o número de vacas vazias ao final da lactação, levando ao crescimento da taxa de descarte involuntário.
Neste ponto, a propriedade possui três opções para destino dessa fêmea:
1) Descartar a vaca (se possuir boa genética, for jovem, estiver saudável e sem problemas reprodutivos detectáveis pelo médico-veterinário, esta opção mostrase menos atraente);
2) Manter a vaca no programa reprodutivo da fazenda (certamente aumentando o custo reprodutivo);
3) Realizar o protocolo de indução de lactação; A terceira opção pode ser interessante porque direciona de maneira estratégica o destino de fêmeas que, por motivos não detectáveis, encerraram a lactação sem ter emprenhado. Com essa nova ferramenta de manejo reprodutivo, é possível diminuir a taxa de descarte involuntário da propriedade ao mesmo tempo em que se inicia nova lactação em uma vaca que está vazia e, portanto, não iria produzir leite após a secagem.
Estudos recentes indicam outro benefício importante do protocolo de aleitamento: o retorno à função reprodutiva e consequente prenhez de algumas das fêmeas que seriam descartadas.
Pesquisadores avaliaram se a fertilidade de vacas Holandesas que permaneceram vazias ao final da lactação e foram tratadas com protocolo de indução à lactação pudesse ser afetada posteriormente. Ao serem inseminadas artificialmente, as vacas apresentaram alta de taxa de prenhez (41,5%) até a terceira inseminação pósaleitamento. Dessa forma, o protocolo de indução à lactação pode ser utilizado como estratégia para incrementar a fertilidade de vacas Holandesas repetidoras de serviço.
Para iniciar o protocolo de aleitamento é necessário que as fêmeas estejam secas há no mínimo 40 dias. Como o protocolo tem duração de 21 a 22 dias, essas vacas completarão um período seco total de 62 dias. De acordo com outro estudo publicado, utilizando-se o seguinte protocolo (Figura 1), a taxa de resposta ao aleitamento foi de 85%, com produção de leite entre 70 e 80% da lactação anterior.
Figura 1. Protocolo de indução de lactação proposto por Mingoti, et al. – ICAR 2016.
Novilhas atrasadas podem receber o protocolo?
Novilhas que possuem excelente genética, já atingiram o peso-alvo e estão aptas à reprodução mas não emprenharam após sucessivos serviços, podem, sim, receber o protocolo de aleitamento.
A comprovação vem de estudo que avaliou a resposta e a fertilidade de 150 novilhas meio-sangue (Jersey x HPB) submetidas ao protocolo de indução de lactação. Verificou-se que 86,8% delas iniciaram a produção de leite. As novilhas ainda apresentaram taxa de prenhez de 76,1% após serem submetidas a três protocolos consecutivos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF), demonstrando dois benefícios da implantação estratégica do aleitamento em novilhas atrasadas:
1) Antecipação da produção de leite e redução do descarte involuntário de novilhas;
2) Retorno à vida reprodutiva, com estabelecimento precoce da gestação (76,1% de prenhez com apenas três serviços);
A indução à lactação possibilita reter as fêmeas geneticamente superiores e, consequentemente, reduz as perdas econômicas decorrentes das falhas reprodutivas. Dessa forma, essa técnica é uma excelente ferramenta para reduzir o descarte involuntário e aumentar a lucratividade da propriedade.
BRUNA MARTINS GUERREIRO
ESPECIALISTA TÉCNICA EM SAÚDE ANIMAL
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